MAUSOLEUM – “Pregando a Arte Negra, o Culto e a Morte dos Dogmas Religiosos”

Quando se trata de banda cult, Mausoleum é logo lembrada, pois a mesma possui um grande legado junto ao underground, incluindo grandes lançamentos e apresentações memoráveis. Em Março de 2023 a horda se apresentará no Brazilian Ritual – Final Attack, evento organizado por Eduardo Beherit que reunirá grandes ícones do metal extremo mundial. Mas uma dívida paira no ar; será esta a última apresentação ao vivo do Mausoleum??? Para esclarecer essa incógnita e muito mais, Evandro Von Labarthe respondeu algumas perguntas para o Noctum Magazine… Confira!!!

(Por M. Prophanator)

Saudações Evandro! Gostaria de iniciar esta entrevista com uma contextualização. A banda teve sua origem em 1994, que é na primeira metade dos anos 90 e, portanto, já compõe um movimento diverso daquele do final dos anos 80, em que o metal extremo era um amalgama entre Death, Black e Thrash – onde as influencias das bandas eram mais ou menos gerais – pra uma época onde os gêneros já se encontravam bem definidos. A partir dos anos 90 isso mudou. Vocês, que estavam presentes na época, como foi essa mudança de um período mais genérico, para um mais especifico? Vocês tinham consciência e percebiam essa diferença do metal dos anos 80?

– Salve Negro Guerreiro, é com muita honra que fazemos parte do seu Maldito e Conceituado Grimorium junto a seus ideais em pregar a Arte Negra, o Culto e a Morte dos dogmatismos religiosos Judaico- Cristãos, Religiões Patriarcais e Escravocratas e, todo tipo de manobras de massas que assolam essa sociedade falsa, moralista e hipócrita. Saudemos o verdadeiro Metal Negro e a rebeldia do Grande Anjo Caído!                       

– As bandas da década de 80 foram as maiores influenciadoras da nossa formação musical e, também porque não dizer, ideologicamente. Naquela época (digo o inicio da década de 90) o cenário já estava direcionado pelos veteranos do inicio dos anos 80´, mas a criatividade e espontaneidade das bandas que surgiam no período dos anos 90’s era uma coisa surreal, foi uma explosão como jamais haverá novamente. A originalidade naquela época era incrível, não somente as bandas gringas, mas as brasileiras também.

Nenhuma banda se parecia com a outra. Por exemplo, Samael era totalmente diferente do Impaled Nazarene, que era diferente do Darkthrone que era diferente do Morbid Angel e que em nada se parecia com Blasphemy e o Profanatica, e por ai vai. E detalhe, eram todas bandas FUDIDAS DEMAIS, os caras só gravará clássicos que cultuamos até os dias de hoje e são álbuns eternos.

 – Aqui no Brasil acontecia a mesma coisa, era incrível cara. Era espantoso como aqui no Brasil, surgiam hordas extremamente FUDIDAS E EXCELENTES, originais e criativas. Não era como agora, onde as bandas soam todas iguais e genéricas (com exceção de algumas  bandas, é claro). Naquela época cada banda tinha sua característica própria, você ouvia e já sabia qual horda era que estava rolando no toca disco ou toca fitas, sem nunca ter ouvido o novo trabalho de tal banda. Hoje todo mundo soa igual. Há excelentes músicos hoje em dia, mas pecam na criatividade e composição, que ao meu ver, soam entediantes, genéricos e sempre a mesma coisa. Essa explosão de criatividade do inicio dos anos 90’s foi um “fenômeno” mundial e simultâneo. Parecia que o Mundo inteiro estava num esforço e inspiração para o desenvolvimento de um estilo musical que iria se perpetuar. Isso estava acontecendo aqui no Brasil, na Colombia e Chile, na Grécia, na Noruega e Alemanha, nos Estados Unidos com as bandas de Death Black (ou puramente Death Metal), na Finlandia e Suécia, enfim, era um fenômeno Mundial.

– Quanto ao MAUSOLEUM sempre fomos cultuadores da musica negra, no seu sentido ideológico e religioso. Digo musica negra, voltado ao lado mais obscuro do Metal, onde tratamos de Cultos aos Deuses Pagãos, culto á Guerra, A Morte e o Sangue, as Entidades das Florestas e aos Mistérios do Cosmos, da Vida e da Morte Tentamos transmitir em nossos Hinos os nossos sentimentos mais profundos, autênticos e sinceros. Fomos um dos pioneiros a entoar as musicas na língua Portuguesa quando 90% das bandas nacionais cantavam em Ingles e isso foi feito não somente para facilitar, mas principalmente, para passarmos de uma maneira mais honesta aquilo que estávamos sentindo quando compusemos tais musicas. Não era somente nadar contra a maré, mas era uma maneira de buscarmos uma autenticidade que aqueles Negros Anos inspiravam á todos nós.

Quando o MAUSOLEUM se formou, o que aparentava no cenário Black Metal Brasileiro eram bandas procurando se enquadrar nas influencias dominantes que, nesse período eram as da Escola Escandinava ou da Escola Grega. De que maneira vocês incorporaram essas influencias, em um cenário que também possuía grandes bandas como MYSTIFIER, IMPURITY, AMEN CORNER, MURDER RAPE, etc?

– Sim, realmente tivemos influencias principalmente Gregas nessa época. Especialmente de banda como Rotting Christ, Necromantia, Varathron, Thou Art Lord, Zephyrous, Agatus, Zemial, Nergal, Tatir entre outras. E alguma coisa da Escandinavia como Darkthrone e Mayhem old. Mas sempre estivemos muito voltados ao Cenário Brasileiro, bandas como Sarcofago, Vulcano, Chakal, Sepultura Old, Sextrash Old, Calvary Death e tantas mais. O cenário nacional para nós sempre foi Supremo e Soberano. Tivemos influencias de diversas bandas nacionais, que estavam também começando naquela época conosco e, eram inspiradoras, mas também Hordas amigas e companheiros de batalhas que logicamente acrescentaram muitos valores em nossa trajetória. Mas também tínhamos a preocupação de apenas deixarmos isso no âmbito da influencia e admiração, pois estávamos sempre preocupados em expressar nossos sentimentos de maneira original e única. Influência tem um enorme hiáto entre cópias. Ser influenciado não pode ser confundido com copiar bandas influenciadoras. Acho que talvez seja isso que esteja faltando nas hordas da atualidade. Claro, que como já citei e repito há exceções, para o nosso alivio e refúgio.

O MAUSOLEUM em algumas de suas formações, contou com figuras bem conhecidas do underground extremo brasileiro, como o Cavalo Bathory e o Wagner Schipansky. Algum fato marcante envolvendo os citados?

– Ingressei-me na banda há vinte anos para o posto de contrabaixista, exatamente no cargo do Schipansky que havia saído do Mausoleum após a gravação da demo “O Retorno a Batalha”.  Ele havia deixado a banda por motivos particulares e de caráter pessoal, do qual não tenho competências para comentar. Mas Schipansky e eu somos muito amigos até hoje, assim como todos da Irmandade Mausoleum. Estamos sempre nos trombando e fortalecendo.

– Quanto ao Cavalo Bathory, gravamos o álbum “10 ANOS DE BESTIAL MASSACRE” com a formação da época: Cavalo Bathory (vocals), Douglas e Mario Cerberus (Guitars), Marta Blasfemer (Bateria) e Von Labarthe (Baixo). Foram quase dois anos de processo de composição das musicas e letras, ensaios, ajustes, planejamentos e gravação. Posterior à gravação do LP fizemos diversos shows em vários eventos. É uma época de que me recordo com bastante orgulho e entusiasmo e uma das melhores fases da banda, apesar que viriam outras fases tão fudidas quanto. Todos nós da horda nos orgulhamos muito e levaremos conosco tais lembranças para nossos Féretros.

É interessante citar também que o MAUSOLEUM conta, ainda hoje, com dois membros fundadores: Marta e Douglas na banda desde 1994. 10 anos depois, você assume os vocais e o baixo, e aproximadamente mais 10 anos depois, em 2013 Pedro e Felipe, constituindo uma banda bem estável, com relação à line-up. Como essas mudanças de formação influenciaram o processo de composição do MAUSOLEUM?

– Exatamente isso. Na verdade, ficamos um tempo como um trio apenas a Marta, Douglas e Eu, mas o Mausoleum necessitava em voltar a ser um quinteto. Como trio gravamos o Split “INVOCANDO ANTIGOS DEMONIOS” e depois ocorreu o ingresso de Pedro e Felipe na banda. Pedro B.Wolf atua em outras hordas como Pactum, Wodanaz e Labar’Oculto e Felipe Mollo toca guitarra na Horda Abismo de São Paulo. Com a entrada dos dois membros gravamos mais um Split “UNION SATANICA DE AMERICA DEL SUL”, o full lenght “20 ANOS DE BESTIAL MASSACRE”, o SPLIT “MAUSOLEUM/BESTYMATOR”, “TRIBUTO AO KAZIKLU BEY”, “TRIBUTO AO BESTYMATOR” e o “BESTIAL MASSACRE AO VIVO EM SÃO PAULO”.

– A entrada deles trouxe mudanças nas construções das musicas, no entanto, somos bem criteriosos quanto a isso. A evolução e mudanças são bem vindas, mas preservamos sempre a essência inicial da Horda. Sempre vemos o que tem a ver com o contexto e propósito da banda em seu processo de composição e, aquilo que não cabe nesse conceito, é descartado.

Em 1998, época da demo “Hymn of War”, vocês já possuíam musicas em português, como é o caso de “Criaturas da Noite”, porém a partir da demo “ O Retorno à Batalha”, vocês passaram a compor majoritariamente em português. Que motivo levou o MAUSOLEUM por esse caminho?

– Quando começamos a escrever em nosso idioma poucas bandas daqui do Brasil faziam o mesmo. Não fomos os primeiros a fazer essa mudança de dialeto Inglês/Português, mas fomos um dos pioneiros, numa época em que 90% das bandas nacionais cantavam em dialeto estrangeiro. Na época quando foi escrita a demo “O Retorno a Batalha”, veio a tona um desejo de deixar de lado a língua Inglesa. O dialeto inglês não estava mais transmitindo para os nossos hinos o real sentimento que havia em nossa musica e estava soando um tanto quanto superficial demais e não passava o ódio, o paganismo e a temática de guerra e destruição que era necessário para o nosso trabalho.

 – Este foi o real motivo para a nossa transição do idioma inglês para o idioma português e, consequentemente, acredito que hoje as hordas que cantam em dialeto português sentiram a mesma coisa que nós naquela época. Logicamente nada impede de bandas usarem outros idiomas, especialmente idiomas antigos como latim ou sânscrito, há bandas fazendo isso e eu acho ducaralho. Tudo depende da proposta e ideologia que a banda tenta expressar.

Sobre o primeiro full lenght do MAUSOLEUM, o álbum “10 Anos de Bestial Massacre”, todas as 350 cópias do Vinil foram numeradas a mão e contou com dois covers do lendário VULCANO. O que você se lembra do período de gestação e lançamento desse clássico?

– Após dez anos de existência iriamos gravar o nosso primeiro Full, e no formato que sempre idealizamos, ou seja, em vinil.  Para nós foi uma grande vitória, levando em consideração a época que era extremamente difícil para uma banda independente e totalmente Underground conseguir ver seu trabalho materializado nesse formato Cult. Não que hoje não seja, mas há vinte anos atrás era bem mais difícil, mas não impossível.  Foi no embrião desse disco que me aderi à Horda, e me aderi ao processo de composição do disco, eu estava vindo de uma banda de Death/Black chamada DIES IRAE daqui da capital de São Paulo. Nesse processo ficamos uns dois anos escrevendo as musicas, compondo bases e melodias, acertando partes de guitarras, baixos e bateria, encaixando vocais, etc. Foram muitos ensaios, pois montávamos as musicas praticamente no estúdio. Gravamos diversas demos ensaios e as musicas iam se moldando com o tempo. Os recursos eram meio limitados, pois naquela época a internet estava engatinhando ainda no País, eu mesmo tinha um PC muito fraco e não tinha internet em casa. Então tudo era feito na unha mesmo, sem muito recurso digital.

– Lembro-me de termos gravado o que viria a ser a Master, mas ao ouvirmos o material em casa, não gostamos do resultado. As musicas estavam soando fracas e sem peso e então trocamos o produtor e o estúdio, e quem acabou ficando nesse cargo foi o nosso amigo Beto (hoje toca no Vulturine e Hellish Throne). O material foi gravado em poucas semanas em São Paulo e masterizado e mixado pelo produtor Beto em seu Home Studio e, finalmente gostamos do resultado final. Agora estávamos municiados para sairmos tocando pelo Pais, inclusive o Nordeste que há muito queríamos ir participar de fudidos eventos que sempre rolam por lá. Quanto aos covers, temos tradição de sempre gravarmos covers em nossos trabalhos. Gravamos bandas que foram influencias para nós, como o VULCANO, VARATHRON e no segundo Full fizemos uma versão de ”Equimathorn” do BATHORY.

O MAUSOLEUM gravou com lendas do underground nacional como HECATE, KAZIKLU BEY e BESTYMATOR e também sul americano, como BENDESAR. Qual a importância desses Splits na historia do MAUSOLEUM e qual a relação de vocês com estas bandas?

– Os nossos Splits e os 4 Ways são de extrema estima para nós. Eles surgem sempre a partir da vontade de unir Hordas e soldados que possuem o mesmo ideal e que lutam na mesma Batalha ao nosso lado. Quando olhamos para a viabilidade financeira, é claro que existe uma condição melhor, pois conseguimos apoio de diversos Selos e Distros, tanto na concepção do material, quanto na distribuição e divulgação do mesmo pelo mundo. No entanto, o verdadeiro intuito dessas parcerias seria a busca pelo fortalecimento da união de Guerreiros, pelo Brasil e América do Sul. Guerreiros que possuem a mesma essência e sentimento.

– Os nossos Splits refletem o nosso desejo em unir tais Hordas ao nosso lado em campos de Batalhas, e isso para nós isso sempre foi uma grande Honra. É como cada Split que lançamos, ao longo dessas décadas, representassem um “Grilhão de Uma Odiosa Aliança”. São como verdadeiros Simbolos da IRMANDADE OBSCURA e daqueles que lutam pelos mesmos ideais.       

E além das bandas citadas, quais outras vocês destacariam no cenário nacional?

– Cara, ai você forçou a barra hein rrsss. Do Brasil, se eu for citar aqui todas as Hordas fudidas (principalmente as mais antigas) eu iria usar umas cinco paginas do Zine. Mas vou citar algumas sim. Vamos lá: UNHOLY FLAMES, AYPEROS, BESTYMATOR, FENRIR, AMAZARAK, MALEDICTION 666, IRON WOODS, DESMUDUS ROTHUNDUS R.I.P, GUEHENON R.I.P, CRUX CALIEFERA R.I.P, INTOCTUM, DIFAMATOR R.I.P, SONGE D’ ENFER, SPELL FOREST, VULTHUS, NOCTURNAL WORSHIPERS, PENTACULO MISTICO, INFERNAL INQUISITION, LORD BAAL, MOLOCH, AMEN CORNER, MYSTIFIER, BLAZING CORPSE, GOLLUN, HEIA,IN INFERNAL WAR, MIASTHENIA, SATANAQUIA, PROFANE CREATION, AGNIDEVA, NORDEATH, VERSAVATH, THE BLACK SPADES,HULL DIABOLI, CRUOR CULTUN, TEMPLUM,  MOVARBRU, ORDO SATANI, PROFANE SOULS, DESEJO IMPURO, ALOCER, ETERNAL SACRIFICE, CRUCIFICATOR, AD BACALUM, EXECRATOR, SACRISTIA R.I.P, ANGEL OF LIGHT, PACTUN, LABAR’OCULTO, SUMMUN HEREDIS, DIABOLICHAOS, DEFACER, SVATAN, AGOURO, REGNUM UMBRA IGNIS, ERIS MAESTUS, NECRONOISE R.I.P, MORCROF, CURSED CHRIST, VULTURINE, IMPURITY, IN NOMINE BELIALIS, URAEUS, MYTHOLOGICAL COLD TOWERS, DETHRONED CHRIST, CASTIFAS, MALEFICARUM, SARDONIC IMPIOUS R.I.P, BARRABAS, AURORA IGNEA, ABATE MACABRO, TORQVEREM, KAZIKLU BEY R.I.P, LUISON, SERGULATH, NASHEMAH, CADAVERIC INFECTION, FERETRO, FULGOR AVERNAL          , AVE LUCIFER, e muitas outras que poderia citá-las aqui.

O último full length do MAUSOLEUM é o “20 Anos de Bestial Massacre’, de 2014. Depois disso, vocês lançaram mais alguns Splits, uma compilação e um álbum ao vivo, certo? Algum novo trabalho em vista e/ou a horda pretende encerrar suas atividades?

– Na verdade não foi uma compilação, mas sim um TRIBUTO AO MAUSOLEUM, onde diversas Hordas fazem uma Homenagem com diversas versões de nossas musicas.  Esse material foi lançado a principio em LP 12” e agora em formato CD, pelo selo BRAZILIAN RITUAL. Mas em relação de novos lançamentos a resposta é “por enquanto não”.  Em 2024 a banda faria 30 anos e “quem sabe não gravamos algo para marcar essa data….” Mas é apenas algo especulativo ainda, nada certo por enquanto. Sempre trocamos ideias á respeito de um material que o MAUSOLEUM ainda não tem, e eu acho que esse tal material seria merecido á nós por nossa historia no Underground. Esse material trata-se de um Compacto 7”EP.

– Nós já gravamos um compacto com a horda BESTYMATOR, mas eu me refiro á um trabalho somente nosso. Em minha opinião, após a gravação desse material, acho que nossa Missão estaria cumprida no cenário nacional. Mas não temos nada concreto, tudo isso é apenas conjecturas.

O MAUSOLEUM tocou no primeiro BRAZILIAN RITUAL, em 2010 e agora está escalado para tocar na última edição, em março de 2023. Qual a importância que você atribui ao BRAZILIAN RITUAL FESTIVAL, tanto enquanto grande evento de bandas do underground mundial, como na historia do MAUSOLEUM?

– O BRAZILIAN RITUAL do Eduardo Beherit e o STORM PROD. do Robson Arulac, em minha opinião são os mais FODAS de São Paulo, e por que não dizer do País… É claro que há outros festivais grandes, mas eu me refiro á festivais direcionados para o cenário totalmente Underground. Existem outros festivais enormes, porém, são mais voltados para o MAINSTREAM e bandas mais ‘comerciais”, se é que você me entende… Esses dois festivais, BRAZILIAN e o STORM, trouxeram e ainda trazem bandas que outros festivais jamais trariam para tocar por aqui. Os caras dão tiros no escuro, investem pesados, fazem um ‘puta” evento com uma grande estrutura, e não sabem se vão ter retorno. Muitas vezes, ou quase sempre, não tem esse retorno e saem no vermelho e prejuízo. Infelizmente essa é a verdade aqui no nosso País.

– Tocamos no primeiro BRAZILIN RITUAL e iremos tocar no ultimo. Tocamos em dois eventos da STORM PROD. e te garanto que esses festivais irão deixar um grande vácuo quando os produtores deixar de investir e realizá-los. Será uma grandiosa perda para os verdadeiros apreciadores do Metal Negro quando não houver mais esses eventos. Irão restar apenas os festivais de $600,00 o ingresso para ver bandas da moda e do momento.

Qual sua expectativa para o BRAZILIAN RITUAL FINAL ATTACK, já que, segundo seu organizador, EDUARDO BEHERIT, que provavelmente, contará com a presença de headbangers de toda a América Latina?

– Eu acredito que será o maior e o mais fudido das edições. Também será o ultimo e será fechado com chave de diamante negro. Será uma enorme honra participar desse Evento que garanto, que vai ser Histórico. Compareçam, apõem e vos asseguro que não será em vão.

– Em minha opinião, irá entrar para a Historia e valerá a pena participar desse Evento Negro e totalmente voltado para a musica Negra, Subterrânea e Extrema. Ali não haverá modinhas e bandas estrelinhas do BREQUI MERAL. Serão somente os reais. Nos vemos lá Malditos!!!

Alias, falando no EDUARDO BEHERIT, o álbum ao vivo do MAUSOLEUM, de 2021, saiu pela BRAZILIAN RITUAL RECORDS, certo? O que vocês podem falar sobre este guerreiro, que contra todas as projeções e perspectivas, insiste em levar um selo e um festival com bandas tão importantes, mas tão obscuras?

– Sim! Lançamos o nosso álbun AO VIVO pela BRAZILIAN RITUAL RECORDS em versão CD e em breve formato LP” 12. Falar a respeito de EDUARDO BEHERIT é uma coisa que nos enche de orgulho e satisfação. Conhecemos esse Guerreiro há décadas, e posso lhe assegurar que o seu valor e, seus feitos pelo Metal Negro no nosso País, são dignos de grande admiração e reconhecimento por todos que conhecem e se dedicam as Artes Negras. Eduardo sempre esteve ao nosso lado, nos apoiou desde o inicio e, jamais durante esses anos, nos deixou na mão. Sempre apoiou, não só ao MAUSOLEUM, mas diversas outras bandas do nosso cenário. É um cara digno de grande Honra, Respeito e Admiração por parte de todos. Nunca o vi envolvido em intrigas fúteis e fofocas que assolam esse cenário. É o verdadeiro Headbanger que faz o que pode por aquilo que gosta, apoiando aquilo que acredita e não atrasando o lado de ninguém. Pessoas assim, hoje em dia, estão cada vez mais raros. Haill EDUARDO BEHERIT E A IRMANDADE OBSCURA!!!

E, por ultimo, deixei a questão mais crucial: Quando recebi o material de divulgação do último e derradeiro BRAZILIAN RITUAL FESTIVAL, consta que o MAUSOLEUM também vai estar se despedindo. Porém a informação é meio dúbia, não dando a entender se essa despedida é apenas dos palcos ou das gravações também. Você poderia, por favor, esclarecer e informar os motivos?

– Muito bem, a banda é do ano 1994 e em 2024 faríamos exatos 30 anos. Tocamos com muitos Guerreiros ao longo de todos esses anos. Tocamos em todo o Brasil e alguns Países da América do Sul e uma passagem na Europa. Como falei a respeito dos Splits e dos 4 Ways, fizemos parcerias com várias Hordas que mantém a mesma filosofia e idealismo que nós. No entanto, nos reunimos e optamos em lutarmos aquilo que iremos chamar de “A Última Batalha”. Ao longo de todo esse tempo, quase três décadas, enfrentamos todos os tipos de obstáculos que você possa imaginar que uma banda pode encarar. Desde à problemas com equipamentos, instrumentos, viagens, shows, gravações e muitos problemas com ex-membros, que é sem duvida, uma das coisas que mais desgasta uma banda. Estou falando tudo isso não como uma reclamação ou lamúrias, nada disso, muito pelo contrario. Cada experiência que tivemos, cada “perreio”, e logicamente, todas as nossas Vitorias e tudo que fizemos para apoiar o cenário Nacional, foi extremamente gratificante para nós e levaremos cada experiência para o nosso túmulo. Tenho a mais absoluta certeza que cada um de nós faríamos e passaríamos por tudo novamente, se assim fosse necessário. Derramamos muito sangue de nossos inimigos e o nosso sangue com a mesma intensidade. Temos muitas cicatrizes de Guerras que são todas as nossas apresentações ao vivo e todos os materiais que gravamos durante esses anos. Nossos discos, demos e shows são os nossos legados, mas é hora de guardar a espada na bainha, pois temos certeza que o legado da Irmandade Obscura será bem representado por Hordas que nela estão contidas e levará a maldição adiante. O UNDERGROUND VIVE, PORRA!!!  

Grande Evandro, foi uma enorme honra falar com você, realmente espero que a resposta da minha ultima questão, quanto ao final da banda, seja negativa, deixo o espaço aberto para você fazer suas considerações finais! HAIL MAUSOLEUM!

– Nós agradecemos profundamente por este espaço cedido ao MAUSOLEUM em seu Negro e Honrado Manuscrito, pois para nós é uma grande honra e façamos votos que se mantenha determinado em seu objetivo em disseminar a Arte Negra. Sabemos que essa missão nem sempre é fácil, mas para aqueles que possuem o sangue negro em suas veias, com certeza, isso traz grande satisfação. Acreditamos e apoiamos profundamente os reais e Zines, pois eles têm um papel fundamental nesta eterna jornada chamada Musica Negra. Agradecemos muito a você Guerreiro. Força, Sangue e Honra até a Morte!!!


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